Manuel Bandeira: 122 anos de Itinerário
No dia 19 de Abril, o poeta pernambucano Manuel Bandeira (1886-1968), patrono da Cadeira nº. 29 da ALAC de Abreu e Lima, é homenagiado com poesia pelo Presidente Acadêmico Marcos de Andrade Filho.
"Manuel Bandeira inaugura o meu paideuma. Curvo-me diante de muitos outros deuses, mas só rezo para uma trindade: Machado é o Pai, Drummond é o filho e Bandeira é o Espírito Santo! Eis aí a alma da poesia brasileira: Bandeira. Digo isso não por ser pernambucano... se fosse bairrismo, eu poderia escolher João Cabral, mas a questão é que Mané toca minh'alma de modo diferente... Bandeira foi meu primeiro alumbramento... E hoje tenho orgulho de ocupar a cadeira 29 na Academia e ter como patrono o menino que, ainda hoje, brinca na rua da União do meu ser, na encruzilhada da rua da minha mente com a rua da minha alma... no Recife que só eu e Bandeira sentimos... Rezo sempre para esta Bandeira de uma vida que podia ter sido e que Foi! Não Foi! Foi!Poeta libertino e dissoluto, cujo verso vive! Bandeira da poesia, Mané brasileiro como casa de avô, o mesmo que um dia cantei num poeminha que escrevi há oito anos (alumbrado!), pleno da vida inteira que emanava dos versos desse que se tornou logo meu poetamigo!
Encontraremo-nos um dia, em Pasárgada! Eu, chegando tímido ainda... Tu, ao lado do teu avô, tua irmã, tua mãe e teu pai; ao lado de Rosa, Totônio Rodrigues, Aninha Viegas, da preta Tomásia, de Jaime Ovalle, Teresa, Teodora, Santa Maria Egipcíaca, e, é claro, das três mulheres do sabonete Araxá! Ah, as três mulheres do sabonete Araxá!
Dar-me-ás, então, um sorriso com teu simpático teclado de piano e Debussy vai tocar as mais belas melodias já ouvidas desde a invenção da Lira e os anjos cantarão um poema teu.
E eu vou chorar de alegria, Mané, por ser menino n'alma como tu! Recebe na eternidade, meu poetamigo, um abraço de quem te ama!
Mané
Ao mestre de Pasárgada
A Bandeira da poesia
é o menino brincando
na rua da União...
Mané...
Bandeira do lirismo pungente...
Mané quer a Estrela da Manhã
Vê
Só
O Beco...
Repleto de elipses mentais.
A Bandeira brasileira
é Mané cantando
a língua errada do povo
Língua certa do povo...
Teu verso libertino vive, Mané!
Teu verso soltoVive!
É por isso que não sinto, agora, a tua falta.
Teu ritmo dissoluto
me leva
me eleva
às esferas...
A estrela da tarde
é o menino Mané menino
na rua da União...
Equanto no bairro de São José
bradam num assomo:
"Evoé Momo!"
Carnaval!...
Recife...
Bons Ares...
Cavalhadas...
Tango!
Volta a chover
hoje
a chuva resignada
do teu verso
limpo
bailando sob as notas de Ovalle...
É por isso que sinto a tua falta...
Mané
é a Bandeira da vida
que podia ter sido
E que foi! - Não foi! - Foi!
Mané:
Bandeira dos tísicos profissionais,
de tuas horas resta mais que cinza.
Por isso não sinto a tua falta!
Mané,
fazes da existência uma aventura
Aventura inconseqüente de notícia no jornal
Inconseqüência de quem fez versos
como quem vive...
...........................................................................................
Não pensarei nunca que acabaste (não acabaste!).
Tudo em ti é impregnado de eternidade...
Mané...
Bandeira viva!
Mané vivo, Mané bom, Mané brasileiro que nem casa de avô.
Marcos de Andrade Filho
19 de abril de 2000"
é o menino brincando
na rua da União...
Mané...
Bandeira do lirismo pungente...
Mané quer a Estrela da Manhã
Vê
Só
O Beco...
Repleto de elipses mentais.
A Bandeira brasileira
é Mané cantando
a língua errada do povo
Língua certa do povo...
Teu verso libertino vive, Mané!
Teu verso soltoVive!
É por isso que não sinto, agora, a tua falta.
Teu ritmo dissoluto
me leva
me eleva
às esferas...
A estrela da tarde
é o menino Mané menino
na rua da União...
Equanto no bairro de São José
bradam num assomo:
"Evoé Momo!"
Carnaval!...
Recife...
Bons Ares...
Cavalhadas...
Tango!
Volta a chover
hoje
a chuva resignada
do teu verso
limpo
bailando sob as notas de Ovalle...
É por isso que sinto a tua falta...
Mané
é a Bandeira da vida
que podia ter sido
E que foi! - Não foi! - Foi!
Mané:
Bandeira dos tísicos profissionais,
de tuas horas resta mais que cinza.
Por isso não sinto a tua falta!
Mané,
fazes da existência uma aventura
Aventura inconseqüente de notícia no jornal
Inconseqüência de quem fez versos
como quem vive...
...........................................................................................
Não pensarei nunca que acabaste (não acabaste!).
Tudo em ti é impregnado de eternidade...
Mané...
Bandeira viva!
Mané vivo, Mané bom, Mané brasileiro que nem casa de avô.
Marcos de Andrade Filho
19 de abril de 2000"
Um comentário:
É com grande alegria que compartilho com todos o meu amor pela poética bandeiriana. Que esse amor se alastre como uma epidemia, invada os pulmões das almas de todos e nos deixe tísicos de poesia, sem ter outra saída a não ser a de dançar um tango argentino!
Fraterno e imortal abraço!
Marcos de Andrade
Presidente
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